Ciência e tecnologia a serviço da música
SOUL JAZZ BAIÃO
Somos a essência do que nos resta, o direito de ser honestos com nós mesmos e poder ser feliz dentro das condições que vivemos, de ter caráter, respeito e responsabilidade com o que nos faz feliz. Neste caso só mesmo a música para aliviar a dor da desigualdade social, onde o sentimento de amor é a ferramenta mais adequada para sobreviver nestes tempos de impunidade e falta de respeito.
O disco "SOUL JAZZ BAIÃO" em parceria com o poeta Ajalmar Maia é a diversidade, e pluralidade de interesses de um sonho para torná-lo possível, mostrando como transformar o cotidiano em poesia e música, com um formato de Jazz e baião unindo estes estilos musicais com a flexibilidade e variações de arranjos na transformação social da cultura musical.
"Do BAIÃO ao JAZZBAIÃO
Um retrospecto sobre as raizes culturais que embasam a maioria dos ritmos nordestinos nos leva ao Forró - um patrimônio cultural que o nordeste brasileiro oferece ao mundo.
O Forró, o gênero, com sua diversidade de ritmos, perdura e conquista o mundo e engloba: baião, forró, côco, xaxado, galope, embolada, rojão, aboio, xote, arrasta pé, forró instrumental, e mais modernamente, o JAZZBAIÃO.
Todo forrozeiro tem essa marca no seu repertório.
No sudeste brasileiro, na
Europa, na América do Norte, na Ásia (Japão, Coréia do Sul, Rússia), isto é: no mundo inteiro, os movimentos que curtem e divulgam a música nordestina têm esse perfil da diversidade rítmica com balanço, breque, jogo de cintura... em sintonia com a dança.
Temos assistido as influências que a música nordestina tem exercido em muitos momentos nos ritmos ditos pop nacionais (nossa nova, tropicália, manguebeat, etc.) funcionando como catalizador de ideias.
Num contexto histórico, como diz Biliu de Campina, desde a pré-história do forró, que derivou do Maxixe, nas primórdios do século passado, migrou para o côco, e conheceu a batida do baião (aquele esquente que os cantadores de viola fazem, num floreio de viola, para focar o tema do improviso, e que eles pediam um ao outro: puxe o baião). Isso ocorria por volta de 1928 e foi incorporado à música de Luiz Gonzaga na década de 40 com a gravação de vários baiões (asa branca, baião, etc.) que constam como o marco definitivo dos surgimento do BAIÃO - que festejará 80 anos na próxima década.
Noutra versão admite-se que o baião provém de uma das modalidades do lundu, estilo musical gerado pelo retumbar dos batuques africanos produzidos pelos escravos bantos de Angola, trazidos para o Brasil. No início, esse estilo musical, era chamado de baiano, por vir do verbo baiar que significava mistura da coreografia dos africanos com as praticadas pelos nativos.
Portanto, o forró é originário do Macixe, e, miscigenado com outras matrizes afro, se entrelaçou com o côco, o maracatú, flertou com o frevo e a ciranda, se materializando no baião, e, finalmente, colocado tudo isso nesse caldeirão de misturas, a exemplo da miscigenação das raças e do sincretismo religioso, muito próprios do Brasil (Gilberto Freyre - Casa Grande e Senzala; e Jorge Amado - A Tenda dos Milagres)
Os gêneros musicais brasileiros culturalmente embasados, permanecem e são atemporais. O choro, o samba, o frevo, o forró, o maracatu, a ciranda, o carimbó, o siriá, o cururu, o fandango e o vaneirão, têm um suporte cultural que os mantém incorporados às tradições regionais, podendo ter um alcance mundial (o caso do samba, forró, fervo, choro). Os gêneros que não tem uma raiz cultural, chegam como um modismo e se apagam. Muitos gêneros importados, fizeram passagem por aqui, mas não resistiram porque são culturas incorporadas à outras nações que aqui chegam e desaparecem.
Hoje o mundo está interessado no Forró, experimentando suas influências e trazendo evolução ao gênero como podemos constatar no surgimento do JAZZBAIÃO.
Todo movimento cultural evolui, incorpora elementos, se transforma ante as circunstâncias, mas preserva sua essência. A priori o gênero forró com seus vários ritmos surgiu num Sertão longínquo; como meio de festejo de comunidades pobres ou com pouco desenvolvimento, sem energia elétrica e sem suporte financeiro para contratar uma orquestra de sopro nas festas de casamento e comemorações nas festas rurais das derruba de boi (vaquejada).
Assim se fazia necessário um grupo musical com instrumentos de timbre marcante, audível em todo o salão (Fole de 8 baixos, Melê, chocalho, colheres, Pandeiro e Cavaquinho). Noutra formação a Rabeca podia substituir o Fole, bem como o Pífano com os pratos, a caixa e o bombo, podia ser outra formação. A Sanfona com mais recursos técnicos, o piano de peito, polarizou todo o forró em seu redor a partir dos anos 40 do século passado.
Uma revolução sensacional ocorreu na década de 70, quando Dominguinhos eletrificou a sanfona e urbanizou o forró, segundo Luiz Gonzaga. Nos anos 80 Jorge de Altinho trouxe os metais para o forró de modo definitivo modernizando o gênero sem perder sua essência e tradição.
Luís Gonzaga sempre foi um visionário e olhando seu perfil para a época, ele ainda é mais moderno do que seus seguidores. Veja sua perspicácia e "faro" em reconhecer talento". Quando um cantor ou um gênero musical se destacava, ele botava o cara pra cantar forró com ele.
Gravou com Nelson Gonçalves na época áurea do bolero; com Gal, Caetano, Gil, no tropicalismo; com Gonzaguinha, sambista e um astro da MPB; com Fagner; Alceu Valença, com Luiz Caldas quando o axé ainda era fricote; e por aí vai. Dominguinhos, Elba Ramalho, Jorge de Altinho, Marines, e um sem números de artistas.
Gonzaga tinha o faro pra identificar a genialidade e botava a turma pra cantar e respeitar sua música. É assim que foi reconhecido e perpetuado...
Hoje, na eminência das comemorações dos 80 anos do Baião, surge um movimento que certamente significará o
próximo degrau na evolução do Forró - O JAZZBAIÃO.
O alcance universal que o forró vem conquistando, não poderia evitar a sedução do som jazzístico, outro gênero de alcance global.
Nesse contexto, compus uma música chamada SOU BAIÃO (SOUL JAZZ BAIÃO) que faz parte do CD, mostrando poesias com temas atemporais, rebuscados e arranjos tradicionais com um sotaque jazzístico, sem tirar as características das nossas raízes que enriquecem e modernizam nossa cultura.
Nosso forró está num caminho promissor. Em breve haverá, forçosamente, pela repercussão dos movimentos em prol do forró, no Sudeste (Root Stock - SP e MG, Itaunas - ES, Nata Forrozeira - SP, Rio de Janeiro) e os movimentos internacionais em toda Europa, USA, e Ásia com destaque pro Japão. Uma reportagem avassaladora mostrando nosso forró, tocado e dançado no mundo inteiro, confirmará tudo isso. De repente todo mundo vai dizer que é louco por forró. O nordestino vai acreditar no valor da sua cultura e confirmar a máxima de Camara Cascudo: “ Aqui no Nordeste a coisa para ter sucesso, tem que ter o reconhecimento da corte”. Resquícios da cultura em que o colonizador imperava e tudo de bom vinha de fora.
Isso vai tomar conta do Brasil. Eu acredito... isso está perto.
Minha parceria com Alquimides Daera, foi algo que se explica à luz da Providência.
Minha poesia, nessa vertente, necessitava de uma identidade musical que contemplasse os vieses harmônicos, melódicos e o lirismo de uma forma que eu me identificasse. Por outro lado, Daera afirma que minha poesia contextualiza as palavras que sua musicalidade exprime. Assim fizemos o primeiro CD ' SOFTWARE DO DESTINO que contempla uma linha musical consistente e muito bem recebida nas redes sociais. Ali estava o indez do Jazzbaião.
Daera é um músico de formação da tradicional escola de músicos e maestros de Itaporanga PB, com uma bagagem musical e formação jazzística, voltada para uma linha melódica de harmônica requintada que empresta ao gênero popular uma riqueza de improvisação com liberdade criativa. Assim, enveredamos nesse projeto, modernizando ricamente nossa cultura musical.
Nesta década temos confabulado sobre o que o sotaque jazzístico poderia inovar e revitalizar o forró como um elemento que sempre andou paralelamente e que acabaria por influenciar e ser influenciado pelo nosso forró." www.palcomp3.com/jazzbaiao
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